terça-feira, 27 de outubro de 2015

No espelho, é uma mulher preta ou um blackface?


3 comentários:

  1. Achei a reflexão excelente e gostaria de compartilhar algo a respeito do que entendemos hoje em dia como o liberalismo no feminismo. Eu sou adolescente negra e a maior parte da minha família é predominantemente negra. Sei o que é racismo e classismo e vivo isso diariamente da maneira a qual a sociedade se expressa (às vezes mais e às vezes menos). O que eu vejo dentro do feminismo liberal ou o interseccional (que eu tenho mais curiosidade em conhecer), é que há uma acusação muito grande em cima de algumas teóricas brancas e feministas. E da minha parte, eu vejo essencialmente a diferença que a sociedade trata e tratou ao longo dos anos mulheres brancas e mulheres negras (e a diferença extrema que as classes sociais delimitaram e traçaram o destino de cada uma de nós). Mas eu não consigo enxergar escritoras brancas de um feminismo que acusam ser elitista e racista, como ameaçadoras ou criminosas. Eu acho que este é o momento de nós pensarmos a respeito da nossa classe enquanto mulher, e usarmos o feminismo para lutar pela saúde e libertação das mulheres negras e de todas as outras mulheres. Isto é, o meu foco na militância é especialmente às mulheres negras, porque sinto que é meu dever estar ali para construir com elas. Mas eu também não desgrudo as minhas mãos das feministas brancas (radicais) que trouxeram pensamento crítico e veraz a respeito de nossa classe mulher. O que eu penso a respeito do feminismo liberal é que ele não faz e nunca fez o menor sentido para as mulheres, e só existe tão fortemente enquanto ideologia e prática porque favorece ao patriarcado racista. Ele cria subdivisões entre uma classe existente (homem - mulher - opressor - oprimido). Ele não questiona criticamente e não trás luz aos nossos problemas: muito pelo contrário, ele nos "empodera" falsamente para usar mais batom, para se relacionar com mais homens e não ter receio disto, para aceitar ser chamada de "vadia" e achar que está tudo bem quanto a isto, que a prostituição pode ser empoderadora para as mulheres e, sendo assim, transformamos e nos iludimos com um patriarcado "menos opressor", "mais bonitinho e fantasioso". E não é isso que almejamos, pois não é essa a verdadeira revolução. Nós somos mulheres, somos pretas, e nosso inimigo não é lutar contra nós mesmas, é lutar contra o patriarcado e o capitalismo, é derrubar a misoginia e o racismo que cai todos os dias sobre nós. Precisamos sempre estar atentas e nos esforçar para galgar os nossos espaços na sociedade, que nos foram tirados a força. Não podemos recuar.

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  2. Você se entendeu com o mulherismo africano, Aline? Em qual linha, pode nos explicar?

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  3. Aline, gostei do aspecto geral do seu texto, mas quando em "será que somos mulheres? ou estamos tentando/querendo ser? Se somos mulheres, a partir de quando isso é real?", eu realmente fiquei confuso, gostaria de uma explanação sua no sentido de qual pode ser a dúvida de se é mulher ou não, por favor.
    Excelente constatação com "embora eu prefira outras bebidas." Exatamente! <3
    Um abraço,
    Mateus

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