Se a primeira onda discutia o direito de votar, a segunda onda depois de ter vencido essa barreira e conseguido esse direito, vai em busca do direito em conceder á mulher o direito do seu próprio corpo. As feministas da segunda onda veem as desigualdades culturais e políticas das mulheres como intrinsecamente ligadas e incentivam as mulheres a entender os aspectos de suas vidas pessoais como profundamente politizados e como o reflexo de estruturas de poder sexistas. A ativista e autora feminista Carol Hanisch cunhou o slogan "o pessoal é político", que se tornou sinônimo da segunda onda, e é aqui que paramos. Podemos entender que o feminismo vai agregando desafios que pretendem abolir as mulheres da dominação masculina,tudo isso acontece ali na década de 1960, também é um momento de união entre mulheres negras, ou seja, é um momento onde as ideias e ações surgem de maneiras cada vez mais plurais e as ações para e abolição feminina vai abarcando cada vez um numero maior de mulheres. Ao afirmar que “o pessoal é político”, o feminismo trás para o espaço da discussão política as questões até então vistas e tratadas como específicas do privado, quebrando a dicotomia público-privado base de todo o pensamento liberal sobre as especificidades da política e do poder político. O movimento ressignificou o poder político e a forma de entender a política ao colocar novos espaços no privado e no domestico. Sua força está em recolocar a forma de entender a política e o poder, de questionar o conteúdo formal que se atribuiu ao poder a as formas em que é exercido. Distingue-se dos outros movimentos de mulheres por defender os interesses de gênero das mulheres, por questionar os sistemas culturais e políticos construídos a partir dos papeis de gênero historicamente atribuídos às mulheres, pela definição da sua autonomia em relação a outros movimentos, organizações e o Estado e pelo princípio organizativo da horizontalidade, isto é, da não existência de esferas de decisões hierarquizadas ( Alvarez,1990:23).” Ana Alice Alcântara Costa (“O movimento feminista no Brasil: dinâmicas de uma intervenção política”, publicado em 2005,Revistas Labrys).
Trocando em miúdos, sabem aquela frase " Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher'? então, a segunda onda feminista entende que violência doméstica não é um problema pessoal, não é da conta só de quem esta envolvida, mas é um problema politico, porque quando nós ouvimos as mulheres e coletamos dados sobre violência doméstica, percebe-se que é algo recorrente e que é uma violência que acontece sempre da mesma forma, sempre com homens demonstrando seu poder e as mulheres, incapacitadas de reagir porque são vitimas sem voz na sociedade, por isso é um ato politico ouvir, acolher e defender estas mulheres. O tempo foi passando, os estudos aumentando e cada vez mais percebemos que o que acontece na nossa vida, no âmbito pessoal, é também politico, e que quando estas coisas são expostas, fica mais fácil combate-las. Por isso em muitos textos quando encontramos a frase " O pessoal é politico",é bom saber que nessa frase existe uma carga histórica importantíssima que combate a cultura do estupro, a heteronormatividade, o direito das mulheres ao próprio corpo, e muitas outras questões que se ampliam na mesma medida em que aplicados nossas questões até então pessoais, na esfera politica.
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"Eu não estou criticando o direito de ninguém viver. Eu estou dizendo que nós devemos observar os caminhos e implicações de nossas vidas. Se nós estamos falando de feminismo então todo o pessoal é político e nós devemos sujeitar tudo em nossa vida a um escrutínio. Nós temos sido educadas numa sociedade doente e anormal, e nós devemos estar num processo de retomar a nossa vida, mas não nos termos dessa sociedade. Isso é complexo. Eu não falo de condenação, mas do reconhecimento do que está acontecendo e do questionamento do que isso significa. Eu não quero regular a vida de ninguém. Se nós temos que escrutinar as relações humanas, nos devemos escrutinar todos os aspectos dessas elações. O sujeito e o assunto da revolução somos nós mesmas, é a nossa vida". Audre Lorde.
Da hora demais parabéns pelo texto e obrigado pela aula Tamu junto
ResponderExcluirQual a fonte desse escrito da Audre Lorde?
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